Female Founders Talk - O início e a jornada do fundraising
Vamos para a edição #10 da Newsletter do Elas&VC, que tem a missão de inspirar, informar e conectar mulheres empreendedoras, investidoras, executivas do setor de tecnologia e demais pessoas da indústria. É nova(o) aqui? Confira nossas edições anteriores neste link.
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Female Founders Talk - O início e a jornada do fundraising
Bem vinda(o) a uma seção especial, em que conversamos com Females Founders INSPIRADORAS para que você conheça mais da trajetória e os principais desafios e aprendizados durante a jornada empreendedora. Hoje viemos contar a história da SafeSpace e de suas Fundadoras, Rafaela Frankhental, Giovanna Sasso e Natalie Zarzur, que acabaram de fechar sua primeira captação com a Maya Capital. Um papo super gostoso que tive com as três na última sexta 😊
Lembro de ter conhecido a Rafaela no final do ano passado, quando ela queria idealizar a SafeSpace e estava a procura de sócias(os) para o seu primeiro empreendimento. A Rafa acabava de voltar do seu mestrado em Londres (onde fez estudos de gênero) e sua tese foi sobre assédio sexual no espaço público. Ela já sabia que queria empreender e começou investigando como resolver isso, mas sempre caia no setor público e não enxergava um modelo de negócio que funcionasse em termos de impacto e escala. Foi aí que ela decidiu olhar para o ambiente de trabalho corporativo e viu o problema existente. As ferramentas que as empresas tinham eram muito ruins. Era um espaço que merecia atenção e inovação. Foi com essa ideia que ela voltou ao Brasil e começou sua jornada...
Mas, quem seriam as primeiras sócias(os) para esse negócio? A Rafa estava procurando ativamente alguém para cuidar da parte de tech. Eventualmente apareciam demandas além de tech e foi enquanto procurava devs que a Natalie e Giovana se juntaram. Felizmente todas já se conheciam há um tempo, então foi um “namoro” natural.
A Giovanna é formada em design gráfico pela ESPM e foi durante a faculdade que conheceu a Rafa. Se identificava com a frente de inclusão, por situações que passou em outros ambientes de trabalho, e entrou no time no final de 2019. Antes da SafeSpace passou por agências pequenas e maiores.
A Natalie é formada na FGV em Administração. Começou trabalhando em startups em 2015, passou pela Creditas e depois foi para a Raízs. Começou ajudando a Rafa e a Gi com business plan, estratégia e, em fevereiro, se juntou ao time full time.
E como foi a etapa de validação da SafeSpace no início sem ter alguém de tech ainda?
Única forma que tinha de validar sem ter alguém técnico era desenvolvermos um site com uma identidade visual e mockups, como se existisse o produto. Pensamos como íamos chegar nas empresas e convocamos micro influencers que conhecíamos para postar no Instagram sem custo. Eventualmente, algumas empresas viram e vieram falar com a gente, elas colocavam suas dores, pensávamos no protótipo e aí isso começou a se tornar mais real.
Como a solução funciona hoje?
Temos um canal de comunicação que implementamos dentro da empresa. Os colaboradores podem fazer qualquer tipo de relato, seja um desconforto pequeno, caso de assédio, discriminação ou bullying, fraude, suborno ou corrupção, qualquer tipo de comportamento inadequado. A plataforma permite que a pessoa faça o relato de forma anônima ou não identificável. Quem recebe os relatos são pessoas do RH, compliance ou legal e chega instantaneamente. O contato com o colaborador sobre o andamento e dúvidas sobre relato é através de um chat. Uma das funcionalidades para ver o nível de gravidade é o “termômetro” onde o colaborador relata o quanto que o episódio impacta no seu bem estar.
Como foi entrar nesse ecossistema novo?
Se conectar com as pessoas do mercado e investidores não foi difícil, pois já conhecíamos pessoas que poderiam nos ajudar com conexões. A parte difícil veio depois, ainda é um ambiente machista e fechado, com premissas e dinâmicas que você tem que aprender a navegar. Mergulhamos de cabeça, aprendemos e percebemos que tinha uma certa politicagem e, então, fomos atrás de pessoas que podiam nos ensinar. Pedimos MUITA ajuda.
Foi a primeira experiência de captação de vocês. Como foi esse processo? Infelizmente ainda é um ambiente dominado por homens de ambos lados, vocês perceberam os vieses da indústria?
Hoje é um mercado dominado por homens e é difícil comparar o que é ser uma empresa fundada por mulheres no ecossistema do que uma fundada por homens. Como mulheres, temos às vezes a questão da síndrome da impostora, foi uma coisa que sentimos muito, principalmente na hora da captação, que você tem que ter um perfil muito mais de vender seu “peixe” e sua ideia.
Foi a parte mais difícil durante o processo de fundraising e teve até uma mudança de mindset, de sair do casulo e aprender a ser desafiada e desafiar de volta. Outra coisa que sentimos é a falta de ter mentoras. Quando você interage com mentoras que passaram pelo mesmo processo que você, fica muito mais valiosa essa troca. Tem até uns números interessantes de como investidores fazem perguntas diferentes na hora de perguntar para uma mulher versus o tipo de pergunta feita para homens. Para o homem, são pedidas comprovações para reforçar algo e para mulher é mais um questionamento. Sentimos isso no nosso processo da captação.
Além de sermos um time fundador composto só por mulheres, tem a questão de que somos muito jovens, temos em média 27 anos, o que aumenta muito mais o desafio. Até brincamos que cada uma vale por 5 pessoas e mesmo assim as perguntas são “como vou confiar que vocês vão fazer o que estão falando?”, “como vocês vão me atender 24 horas?”.
Por outro lado....
Houve casos desagradáveis, mas, por outro lado, também houve pessoas que foram o oposto, super respeitosas conosco e sem vieses e preconceitos. Tinham pessoas respeitosas e a resposta era “não”, sempre levando a sério o que estávamos fazendo e respeitando o nosso tempo.
Após essa etapa de conversa com investidores(as), como foi a etapa de escolha do fundo investidor?
A Maya é um dos fundos que mais admiramos. Escolhemos elas porque estavam muito alinhadas com a nossa tese. Conversamos com outros empreendedores para entender a expertise e networking que elas traziam. Nas conversas com elas, vimos que o nível de exigência era super alto e o próprio processo de fundraising com elas foi um exercício para a gente ter uma visão mais profunda sobre a SafeSpace.
Depois dessa etapa intensa de fundraising, o que vocês diriam para que outras empreendedoras não passem por um processo tão desgastante?
Uma coisa que reparamos é o nível de qualidade e exigência dos fundos e anjos. Saiba escutar as perguntas que eles fazem.
É um processo desgastante, mas você deve ter certa perseverança. Você vai tomar muitos “nãos”, mas vai ter “sim” também. Então, não deixe isso te abalar. Tiveram dias ruins, outros são gratificantes só de ver as pessoas que acreditam na SafeSpace e que querem ser parte dessa jornada. Hoje em dia quando olhamos nossa bancada de investidoras(es), nos sentimos muito satisfeitas das pessoas que estão e que nos ajudam muito no dia a dia. Quem vê a gente em reportagens, não vê todos os outros “nãos” que tomamos do nosso lado.
Tem que se preparar. Quanto mais pessoas falávamos, melhor a gente ficava. Sempre comece falando com quem é menos prioritário para a sua rodada, assim, você treinar. Você vai ficar melhor conforme você apresenta sua startup e tem uma curva de aprendizado. Deixe para falar por último com quem é mais relevante para você e com quem você não quer falhar.
Vocês têm uma solução que ajuda na criação de um ambiente mais seguro e inclusivo, como vocês tratam D&I dentro da SafeSpace?
Construímos um processo de contratação para tentar ao máximo eliminar vieses, mas claro que isso ainda é um desafio no estágio que nós estamos. Desde o começo que estávamos desenvolvendo a plataforma entendemos a importância de ter pessoas de diferentes perspectivas na SafeSpace. Mesmo nós 3 sendo mulheres, essa questão é um aprendizado constante. Buscamos entender a realidade do próximo. Assim, criamos um espaço onde todos(as) tenham voz. Uma vez que nos propusemos a ter pessoas diversas e um ambiente inclusivo, atrair talentos diversos é mais fácil.
Antes de mais nada, tem que preparar o interno para, então, receber os colaboradores e fazer com que eles se sintam confortáveis para falar, sabendo que serão ouvidos.
Por fim, qual o sonho grande de vocês?
“Queremos que todas as empresas consigam sustentar ambientes de trabalho inclusivos. Hoje começamos com um canal, medindo o tamanho do problema, mas temos várias outras formas de fazer. Passo a passo chegaremos lá” - Rafa
“Por mais que estejamos falando de tecnologia, espero com a SafeSpace humanizar esse processo, que deixe de ser um tabu e que comecemos a falar mais sobre isso. Trazer como um tema em que você não sinta vergonha e assim mais pessoas utilizem desse espaço como um ambiente seguro de fato.” - Gi
“Sermos uma solução 360 graus em relação ao problema de comportamento no ambiente de trabalho e também no ambiente escolar, isso mais pra frente, e um negócio replicável para fora do Brasil” - Nat
Por enquanto as Founders estão super focadas no produto da empresa e em montar uma base de clientes sólida. Então, se você é um(a) investidor(a), acompanhe as Founders! Devemos ouvir mais delas no ano que vem com uma nova captação.
Para fechar, temos indicações de conteúdo das 3! Algumas leituras para entender mais sobre inclusão, diversidade e como o mundo de VC é nos seus bastidores.
What Works | Gender Equality By Design - coisas práticas para construir um ambiente mais equitativo e como processos internos podem ser reestruturados para combater os vieses
Brotopia: Breaking Up the Boys’ Club of Silicon Valley – relata o mundo de VC e Silicon Valley e como ele foi construído dentro de um ambiente masculino e fechado para mulheres
Why I’m no Longer talking to White People About Race – para entender a questão de raça e quão profundos são esses preconceitos
She Said: Breaking the Sexual Harassment Story That Helped Ignite a Movement
Por Alied Monica
What’s Trending?
A captação de startups fundadas ou com C-level mulheres continuou nessas últimas semanas. Vejamos mais detalhes:
LatAm e África
Infelizmente não mapeamos deals Latam e África esta semana.
World
Como de costume, listamos abaixo alguns dos deals que aconteceram nas últimas semanas ao redor do mundo, que também possuem founders ou C-level mulheres.
Se quiser mais detalhes de cada Startup, clique aqui!
Por Isabella Passos e Juliane Martins
Diverse and F*** Awesome People to Watch
Nessa sessão queremos reconhecer aquelas(es) founders e líderes que estão fazendo um excelente trabalho e merecem destaque no meio de inovação, tecnologia e investimento. São pessoas que acompanhamos em nossa rotina como investidoras ou que admiramos de longe e que ainda não tivemos a chance de conhecer (ainda! Rs) 😍
Caso você tenha alguém para indicar, é só entrar em contato com a gente por meio do elasevcc@gmail.com ou por direct no nosso Instagram e mandar a sua indicação.
O que não falta é referência de pessoas f*das no ecossistema de inovação, só precisamos colocar o holofote no lugar certo! 📣
1) Founder
Nome: Paula Mendes
Startup: Plugify
Setor: TI
Local: São Paulo, BR
Product: Terceirização de facilities (notebooks, tablets e celulares através de assinatura de 24 meses)
Investors: - (Bootstrapping + Emissão de Debênture)
Business Model: Serviço de aluguel de notebooks e celulares focado em simplificar o acesso e a gestão de infra de TI para PMEs e startups.
Thoughts: A Paula é uma empreendedora admirável: muito dedicada, disciplinada e SEMPRE ajudando outras(os) empreendedoras(es) (seja com conexões, estratégia de negócios, mentorias até desabafos de carreira 😂). Ela fundou a Plugify junto com seu sócio há quase 3 anos e atualmente é a CFO da empresa. Antes, fez carreira no mercado financeiro mais tradicional (passou pelo BTG, Bank of America, Moelis…) e com essa experiência tem um olhar bem técnico para a parte financeira e de modelagem de negócios (vale dizer aqui que ela tocou a primeira emissão de debêntures da Plugfy!). Além disso, também é investidora da RentStyle, dá mentoria para várias Startups fundadas por mulheres (como a Linus) e é a musa fitness Iogue 🧘🏻♀️ (sim, também tem esse dom)!
2) Investidora
Nome: Laura Constantini
Instituição: Astella Investimentos
Setor: Todos
Local: São Paulo, BR
Investidas: Clicksign, Resultados Digitais, Bom Pra Crédito, Omie, Qulture.Rocks, Sallve, Exact Sales, JOTA, Sled, Grão, Dr. JONES, Kenoby, Livance, Birdie, Bossabox e Gove.
Investimentos de Destaque: Resultados Digitais, Omie e Sallve.
Exit: Zygo (PagSeguro: acquirer), Ciatech (Uol: acquirer), Navegg (Buscapé: acquirer), Portal Educação (Uol: acquirer), Dualtec (Diveo: acquirer).
Thoughts: A Laura é uma principais referências de mulheres investidoras em VC. Passou por experiências profissionais em equity research e M&A, até fundar a Astella Investimentos. Em VC achou sua paixão! Além disso, no seu tempo livre gosta de fotografar! Tudo isso e é também mãe de 2 meninas! Uma das poucas sócias da indústria, vale conhecê-la melhor!
3) Líder
Nome: Beatriz Montiani
Instituição: Visa
Setor: Financeiro
Local: São Paulo, BR
Cargo: Diretora de Inovação e Fintechs
Expertise: Fintechs, Business Strategy, Marketing, CRM
Thoughts: A Beatriz ajuda Fintechs com alto potencial de crescimento a se desenvolverem e amadurecerem. Ela está à frente do programa de aceleração de startups da Visa e atua ativamente no dia a dia com os empreendedores, “em um programa que tem a meta de auxiliar, preparar, aproximar e conectar negócios disruptivos a um mercado ávido por soluções que melhorem a experiência dos clientes, sempre atentos a uma maior eficiência operacional". Vale compartilhar também um texto super interessante que ela escreveu sobre pontos chaves na etapa de desenvolvimento de produto (algo que sempre batemos na tecla por aqui!), marketing e conhecimento real sobre clientes! Vale a pena conferir e seguir esse talento 😉⭐️
Por Juliane Martins e Luiza Santos
Curtinhas
Esta semana contamos com a colaboração da Victoria Scotoni para a montagem das nossas Curtinhas! A Victoria é Associate na Capital Lab Investments e está fazendo MBA na FGV em Private Equity e Venture Capital. Conhecendo um pouco sobre o Lado B da Vi: ela ama viajar e sonha em conhecer o mundo! ✈️
Vamos às Curtinhas da semana:
Para se inspirar: esse infográfico saiu há algumas semanas, mas vale muito a pena divulgar! Afinal, já sabemos que mulheres incríveis liderando negócios absolutamente revolucionários existem, basta procurar no lugar certo e dar a devida visibilidade. O artigo mapeia as principais startups lideradas por mulheres em cada país, de acordo com o volume de investimento captado - no Brasil, destaque para a Cristina Junqueira do Nubank, que também aparece na lista de top 10 que mais receberam aportes.
Ainda sobre notícias que nos inspiram: vale a pena conferir essa entrevista da Marcella Ceva contando um pouco sobre o propósito da WE Ventures e sua trajetória no mercado financeiro. A WE Ventures é uma gestora que nasceu da parceria entre Microsoft e Bertha Capital e tem como foco realizar investimentos em negócios de tecnologia liderados por mulheres. A Marcella é Chief Investment Officer do fundo, que tem hoje duas empresas investidas e está em fase de captação. Na entrevista ela nos conta sobre sua trajetória antes de ingressar na WE e dá dicas para mulheres que querem empreender.
Se você acompanha o mercado de Venture Capital há algum tempo já deve ter se deparado com os atuais questionamentos a respeito da sustentabilidade de plataformas digitais como Uber, Airbnb e tantas outras que se propõe a conectar vendedores e compradores, usuários e prestadores de serviços… Que esses serviços são essenciais no nosso dia a dia não é novidade para ninguém, mas será que existe um modelo de negócios melhor para ambas as partes? Essa é a reflexão proposta pela Singularity Hub: através do uso de blockchain, estão surgindo plataformas digitais onde as partes se auto regulam e cooperam entre si, sem a necessidade do intermediário. Será que essa tendência vai se popularizar?
Essa é para os empreededorxs de plantão: a 500 Startups, um dos fundos de capital semente mais ativos do mundo, e a AMBEV, se juntaram para promover bootcamps exclusivos para founders. Serão selecionados 100 empreendedorxs que estão com suas startups em estágio inicial e as sessões acontecerão entre os dias 30 de novembro e 03 de dezembro. Corre porque as inscrições vão até dia 25 de Novembro de 2020!
Vagas no Setor
Venture Capital
Investment Associate Kortex Ventures. A Kortex, o mais novo CVC do Grupo Sabin e Fleury, está com uma oportunidade para Associates! O fundo procura alguém com o perfil empreendedor para assumir uma posição de liderança na prospecção de novos negócios e oportunidades aderentes com a tese de investimento da casa. Experiência em Venture Capital, consultoria, M&A ou áreas correlatas são um diferencial para a posição, então fiquem ligadas (inclusive se você souber de alguém que tenha perfil, fique à vontade para compartilhar!).
As interessadas podem mandar o CV para o e-mail: eder.mazzer@grupofleury.com.br 📧
E pra fechar…
Um parabéns especial a todas as empreendedoras! Ontem foi o dia mundial do empreendorismo feminino (19/11) e queremos enfatizar a nossa paixão e orgulho por todas aquelas imbuídas no propósito de construir algo maior, impactar a vida das pessoas positivamente, se superarem com os desafios diários da jornada e darem o exemplo diário que o nosso lugar é onde quisermos!
Um grande abraço a todas em nome de toda a equipe do Elas & VC!
Queremos criar outras frentes no Elas&VC e para isso gostaríamos de te conhecer um pouco mais e saber sobre seus interesses. É uma pesquisa bem rápida e isso vai nos ajudar a criar mais valor. Clique aqui para responder, vai ser menos de 30 segundinhos! :)
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Abraços,
Ali, Ju, Isa e Lu do Elas&VC