Mundo BANI + Comunicação é > 50% do fundraising. Foque nisso que você se sairá melhor do que 99% das startups!
Para as empreendedoras de plantão: Existem provavelmente 100 motivos pelos quais sua empresa é ótima, mas as pessoas só conseguem se lembrar *de verdade* de alguns deles após o pitch...
Vamos para a edição #13 da Newsletter do Elas&VC, que tem a missão de inspirar, informar e conectar mulheres empreendedoras, investidoras, executivas do setor de tecnologia e demais pessoas da indústria. É nova(o) aqui? Confira nossas edições anteriores neste link.
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Mundo BANI: vem com a gente aprender o que é esse conceito e como encarar essa nova realidade!
Cá estamos, 2021 chegou e com ele muita esperança de que esse ano seja melhor que o último que passou. 2020 sem dúvidas foi um período cheio de desafios e muitas incertezas e, na tentativa de trazer algum sentido para tudo que passamos, encontramos o conceito BANI, acrônimo para “Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible” ou “Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível”.
Imagino que vocês já tenham ouvido falar sobre o "mundo VUCA", conceito criado na década de 1980 e que se espalhou pelo mundo corporativo nos anos 2000. No (agora antigo) mundo VUCA, havia volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade - todas características que passaram a ser comuns em nossas vidas nos últimos anos, certo? Pois bem, acontece que, segundo Jamais Casio, antropólogo e futurista norte-americano, o último ano trouxe reflexões tão profundas e um ambiente de mudanças tão intensas que apenas dizer que um ambiente é "volátil" não é mais suficiente, em outras palavras, já estamos acostumados à volatilidade e isso já não nos ajuda a criar estratégias para navegar nessa nova realidade.
Em sua reflexão, o autor vai além: ainda que projeções de cenários e modelos sejam úteis no mundo VUCA, quais serão as ferramentas que nos ajudarão a entender o caos? Sua resposta deve levar em consideração o mundo BANI.
B is for Brittle / Frágil
Ainda que no mundo VUCA exista volatilidade, aqui percebemos os sistemas como frágeis, ou seja, falhas podem (e vão) acontecer. Segundo o autor, os ambientes frágeis não são novidade, mas o fato de vivermos em um mundo conectado faz com que essas fragilidades, que antes eram limitadas por barreiras regionais, sejam altamente escaláveis globalmente - nem precisamos falar sobre a crise do coronavírus...
A is for Anxious / Ansioso
O que antes era visto como incerteza acaba se acumulando tanto que passamos a viver em um mundo ansioso. Temos uma constante sensação de que cada decisão pode ser potencialmente catastrófica. Nesse sentido, as redes sociais e a maneira como consumimos conteúdos, sempre em maior volume e menor profundidade, têm corroborado para que muitos de nós vivam "a doença do século 21".
N is for Nonlinear / Não linear
Se antes havia complexidade, agora os acontecimentos são não-lineares e mal conseguimos estabelecer relações de causa e efeito entre os fatos. Nesse sentido, pequenas decisões acabam tomando dimensões desproporcionais. Segundo o autor, a questão climática é um bom exemplo de não-linearidade - vivenciamos cada vez em maior frequência e intensidade os impactos do aquecimento global, e ainda não conseguimos compreender claramente sua relação com nosso consumo no dia a dia.
I is for Incomprehensible / Incompreensível
No mundo VUCA, precisávamos lidar com a ambiguidade, ou seja, não conseguimos distinguir se uma coisa era A ou B, agora, ainda que exista um fluxo cada vez maior de informações certas, situações são simplesmente incompreensíveis. Tentamos encontrar respostas que muitas vezes acabam não fazendo sentido. A inteligência artificial, por sua vez, parece ser um sistema envolto em incompreensibilidade: à medida que os algoritmos se inserem em nossas vidas, mais eles aprendem e mais autônomos se tornam, sendo cada vez mais complicado entender precisamente como tais decisões são tomadas.
Ok, vivemos um caos, nada mais faz sentido, e agora? Particularmente minha parte preferida deste artigo não diz respeito ao conceito em si, mas sim às respostas que cada um de nós pode dar ao se deparar com os desafios que vamos enfrentar pela frente: em um mundo frágil, que a gente consiga responder com resiliência e liberdade; para aqueles dias de maior ansiedade, que a gente possa exercer nossa empatia e estar completamente presentes; para a não linearidade, que possamos encontrar um contexto e ser flexíveis e, finalmente, para tudo aquilo que for realmente incompreensível aos nossos olhos, que a gente possa exercitar nossa intuição e agir com transparência.
Investimentos, tecnologia e empreendedorismo estão profundamente ligados à nossa capacidade de observar o mundo - espero que a gente possa olhar para o mundo BANI com otimismo e, onde muitos veem apenas o caos, enxergar oportunidades.
Para se aprofundar no tema, vale a pena o texto completo de Jamais Casio, "Facing the Age of Chaos".
Por Victoria Scotoni
What’s Trending?
A captação de startups fundadas ou com C-level mulheres continuou nessas últimas semanas. Vejamos mais detalhes:
World
Como de costume, listamos abaixo alguns dos deals que aconteceram nas últimas semanas ao redor do mundo, já no ano de 2021, que também possuem founders ou C-level mulheres.
Destaque aqui para a Hipcamp, que vem sendo chamada de “Airbnb dos campings”, pois conecta donos de terrenos e campings com pessoas interessadas em acampar. A startup levantou, em 7 de janeiro, US$ 57 milhões com a Bond e a Index Ventures e está avaliada em mais de US$ 300 milhões - mais que o dobro da última rodada em julho de 2019 com a a16z.
Se quiser mais detalhes de cada Startup, clique aqui!
Por Isabella Passos e Juliane Martins
Diverse and F*** Awesome People to Watch
Nessa sessão queremos reconhecer aquelas(es) founders e líderes que estão fazendo um excelente trabalho e merecem destaque no meio de inovação, tecnologia e investimento. São pessoas que acompanhamos em nossa rotina como investidoras ou que admiramos de longe e que ainda não tivemos a chance de conhecer (ainda! Rs) 😍
Caso você tenha alguém para indicar, é só entrar em contato com a gente por meio do elasevcc@gmail.com ou por direct no nosso Instagram e mandar a sua indicação.
O que não falta é referência de pessoas f*das no ecossistema de inovação, só precisamos colocar o holofote no lugar certo! 📣
1) Founder
Nome: Mariana Vasconcelos
Startup: Agrosmart
Setor: Agtech
Local: São Paulo, BR
Product: Solução inteligente para o mercado do agronegócio oferecendo serviços de monitoramento da lavoura, controle e análise de dados de solo, plantio e operações agrícolas
Investors: SP Ventures, Bradesco
Business Model: Modelo B2B de assinatura anual
Thoughts: Filha de pequenos agricultores, Mariana cresceu acompanhando os desafios que seus pais tinham na tomada de decisão na lavoura no interior de Minas Gerais. Motivada em levar tecnologia para o campo, fundou a Agrosmart em 2014. Antes da fundação da empresa, trabalhou na Bosch e foi Diretora de Operações na Smartapps Brasil. É uma das 35 pessoas mais inovadoras da América Latina segundo a MIT Technology Review e uma referência no setor de agro para se acompanhar!
2) Investidora
Nome: Júlia Figueiredo
Instituição: Silicon Valley Bank
Setor: agnóstico no mercado LATAM
Local: São Paulo, BR / São Francisco, EUA
Thoughts: A Julia é natural de Belo Horizonte e mora nos Estados Unidos desde 2012. Trabalhou na aceleradora GSVlabs e foi gerente de produto e marketing na startup Evernote. Se juntou ao time do Silicon Valley Bank em 2018 e é responsável pelos fundos de VC e portfólio de startups da América Latina. Além dos produtos já existentes para startups, o SVB lançou no ano passado o seu fundo de Venture Debt para a região LATAM e a Julia está à frente.
No seu tempo livre, adora fazer biking e conhecer montanhas. Ah, e também é super engajada com iniciativas de mulheres! É uma das fundadoras da organização Latinas in Tech que apoia mulheres no setor de tech por meio de conteúdo, eventos e mentoria.
3) Líder
Nome: Marilia Rocca
Instituição: Hinode
Setor: Beauty
Local: São Paulo, BR
Expertise: Startups, Venture Capital, estratégia de negócio, liderança e empreendedorismo
Thoughts: A Marília é CEO da Hinode e está imersa no ecossistema de investimento e startups desde 2000 quando fundou e foi Diretora Geral da Endeavor no Brasil. Após sua passagem na Endeavor, foi Vice-Presidente na TOTVS e Diretora e Sócia na Mãe Terra. Nos últimos anos, foi parte do board de empresas no setor de educação, tecnologia e bens de consumo.
A Marília tem uma trajetória admirável e é uma referência na indústria e no ecossistema empreendedor, no qual tem uma participação ativa como investidora anjo e mentora.
Por Alied Monica
Pelos olhos de uma analista
Como a maioria deve saber, o Elas&VC é escrito por quatro analistas de quatro casas de VC distintas (Astella, Barn, Indicator Capital e Vox Capital) e não à toa, pensamos em compartilhar aqui insights sobre o nosso dia a dia. São coisas que entendemos que podem ajudar empreendedores nos mais diversos assuntos possíveis quando se trata da relação investidor <> fundador.
E, para essa semana, separamos algumas dicas que podem ser úteis no processo de captação de investimento e interação com os fundos:
YOUR PITCH WILL BE PITCHED!
Aqui vai um insight não muito usual sobre o operacional de um VC e saber disso pode te ajudar a se preparar melhor para uma captação:
O fluxo de informações em um fundo…
Os fundos normalmente são organizados entre analistas e sócios mais sêniores. Geralmente, quem realiza as primeiras interações com os empreendedores e faz a ponte entre o fundo e a startups são os analistas. Afinal de contas, uma única pessoa não consegue dar conta de todas as atribuições e nada mais eficiente do que “dividir para conquistar”, certo?
BTW: segue aqui uma dica de leitura sobre o tema e uma tabelinha ilustrando isso melhor (artigo antiguinho, mas bem interessante!):Pela pesquisa acima, fica fácil notar que muito tempo é gasto no que chamamos de “Pipeline”: prospecção, seleção, interação, análise, negociação e (voilá) investimento.
Os analistas comumente cuidam das partes mais iniciais do pipe… Primeiras reuniões, seleções iniciais, interação solicitando materiais e dados básicos. A coisa varia um pouco de um fundo para outro, mas, no final das contas, as decisões não são muito centralizadas em uma única pessoa e, por isso, o analista tende a preparar um pitch/pequena tese de investimento sobre as oportunidades interessantes que conheceu.
Ou seja, após algumas reuniões e troca de e-mails/materiais, o analista leva para os demais sócios e membros da equipe as oportunidades e é nesse momento que a sua empresa será introduzida a todos os demais para, então, avançar no pipeline.
O que isso tem a ver comigo?
Resumidamente, é sempre bom ter um defensor da empresa dentro do fundo e, normalmente, este será o analista. Caso a qualidade das interações com o analista sejam boas, maiores as chances dos sócios se interessarem. Claro que tem vários pontos a serem analisados em um investimento para ele avançar no processo, mas um bom relacionamento inicial ajuda nesse trâmite.
E um “bom relacionamento” pode-se entender também por informações organizadas e reuniões claras e sucintas.
Ou seja: quanto mais claro, organizado e objetivo você puder ser nas interações, mais chance você terá da qualidade do seu “pitched pitch” te favorecer.
Ou seja, não adianta vomitar um milhão de informações, como se aquela primeira reunião fosse sua única chance de falar com o fundo, treine para falar o essencial, isso bastará! O que quisermos saber, vamos perguntar.
Os analistas normalmente repassam o seu pitch para outros membros da equipe/comitê de investimentos e é importante que eles tenham compreendido as informações chave de maneira correta. Isso mitiga ruídos na comunicação.
Lembrando que a rotina de um analista conta com uma chuva de decks e análises diárias… Quanto mais concisa e clara a empreendedora for, melhor! Você tem que se diferenciar no meio do oceano de reuniões!
Checklist final: o que um analista precisa ter, com clareza, para uma análise BÁSICA?
O que a empresa faz?
Pode parecer bobo, mas é super comum passarmos por um deck inteiro e não termos clareza sobre o que é o produto/serviço prestado. É muito importante conseguir consolidar o que está sendo oferecido aos clientes em uma única frase (um resumão mesmo!), bem como entender a qualidade do produto. Quando a gente sai de uma reunião e não sabemos exatamente o que é o produto, já temos uma bandeirinha vermelha!
Qual o problema que quer resolver?
Chave para entendermos o porquê do produto e se sua existência faz sentido a longo prazo.
Mercado
Qual é o tamanho da oportunidade? É escalável?
Concorrência
Quem são seus concorrentes? Qual o tamanho deles? Quais as barreiras de entrada? Seu negócio é facilmente replicável? Há competidores diretos que captaram recentemente?
Modelo de Negócios
Como funciona o modelo para que a empresa ganhe dinheiro?
EQUIPE
Importante! Quais pontos chave no background dos fundadores corroboram com a capacidade dos mesmos em tocar a empresa? Lembrando que quanto mais early stage a empresa for, maior a importância esse elemento terá na análise!
Dicas finais:
Para complementar um pouco mais o assunto, compartilhamos aqui uma nota do Kevin Hale sobre o tema (diretamente da biblioteca do YC):
There are probably 100 reasons why your company is great, but people can only really remember a few of them after a short presentation or pitch.
If you just communicate your points clearly, you’ll do better than 99% of startups. Because before anyone can remember, they have to understand.
Ou seja:
MENOS É MAIS (keep it simple!)
COMUNICAÇÃO É UMA ARTE
SEJA ORGANIZADO
TREINAR, TREINAR E TREINAR (especialmente se você não tem muitas habilidades comunicativas)
HUMILDADE SEMPRE
Por Luiza Ulysséa e Juliane Martins
Queremos criar outras frentes no Elas&VC e para isso gostaríamos de te conhecer um pouco mais e saber sobre seus interesses. É uma pesquisa bem rápida e isso vai nos ajudar a criar mais valor. Clique aqui para responder, vai ser menos de 30 segundinhos! :)
Se quiser contribuir, trocar opiniões ou dar qualquer feedback, pode responder esse e-mail! Ficaremos felizes!
Abraços,
Ali, Ju, Isa e Lu do Elas&VC