Vamos para a edição #20 da Newsletter do Elas&VC, que tem a missão de inspirar, informar e conectar mulheres empreendedoras, investidoras, executivas do setor de tecnologia e demais pessoas da indústria. É nova(o) aqui? Confira nossas edições anteriores neste link.
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Mulheres em conselhos
Já faz algum tempo que queríamos trazer para a mesa o assunto de mulheres em Conselhos.
É fato que esse tema tem andado em alta com o aquecimento das discussões sobre ESG e diversidade. Mas, ainda assim, sabemos que a equidade de gênero em Conselhos Corporativos ainda está longe de ser uma realidade comum.
O que os números dizem?
A pesquisa Brasil Board Index 2020, feita pela Spencer Stuart, mapeou a composição dos Conselhos de Administração de empresas listadas na bolsa brasileira. Alguns números ilustram bem o cenário não confortável para nós mulheres:
Das 1.598 posições em Conselhos analisadas foram mapeadas apenas 184 mulheres, ou seja, cerca de 11,5% de representatividade. Em relação aos anos anteriores, esse avanço foi bem tímido, sendo a participação de 10,5% em 2019 e 9,4% em 2018.
Outro quadro bem interessante sobre o tema é o balanço global levantado no relatório Global Gender Balance Report 2021, elaborado pela BoardEx:
Ainda que ambas as pesquisas tenham sido feitas com base em empresas listadas, a realidade no mundo das startups não é muito diferente.
Há poucos dados sobre o tema, mas vale a pena conferir o último levantamento do relatório State of Startups 2019, desenvolvido pela First Round Capital. Na sessão de diversidade da pesquisa realizada com 950 startups americanas, chama atenção o quadro abaixo:
E para abordar o assunto de uma forma interessante, tanto para as nossas leitoras empreendedoras quanto para as investidoras, pensamos em dividir a conversa em duas etapas:
1) Conselhos pelo olhar das investidoras
2) Conselhos sobre a ótica das fundadoras (que vai ficar para as próximas news)
Espero que gostem e que alguma reflexão útil saia daqui! 😉
Investidoras e líderes corporativas em conselhos
Para falar sobre o tema pedimos ajuda da Kika, uma investidora que admiramos MUITO e que tem desempenhado um papel super importante no desenvolvimento de empreendedoras e empreendedores, compartilhando todo o seu conhecimento e experiência de quem construiu uma carreira brilhante. Ela também investe como anja em startups early-stage.
Para quem não sabe, a Kika é engenheira civil formada na Poli-USP, conselheira certificada pelo IBGC e depois de construir uma jornada com mais de 30 anos de experiência no mercado financeiro tradicional (com passagens pelo Citi e Deutsche Bank), decidiu mergulhar no mundo das startups. Uma característica notável dela é que está constantemente aprendendo e estudando: sempre aberta para se autodesenvolver e abrir a mente com novos cursos e participações.
Além disso, ela é uma investidora super mão na massa, com um portfólio muito interessante: Idea9 (vendida para o C6 em 2019), Nanosynex, goLiza, Fisher Venture Builder, Atta, A55, B2Mommy, Jupter, gonew.co e B2B Stack.
E, como conselheira, já atuou como membro do conselho consultivo da Top2You e atualmente faz parte dos conselhos da Aladas, Trackmob, Fleximedical e Europa.
Pedimos a ela que compartilhasse conosco alguns insights e aprendizados para quem busca trilhar esse caminho e atuar como conselheira, dentro de um espectro de desenvolvimento.
“Descrevo os pré-requisitos para a atuação como conselheira, primeiro de tudo como uma jornada multidisciplinar.
Jornada porque ela é feita de uma trajetória onde você vai agregando etapas referentes a capacitação, a certificação, a continua expansão do seu repertório (atualização continua) e por último, as suas conexões.
Falando um pouco sobre os elementos dessa jornada multidisciplinar, no eixo de capacitação há inúmeros assuntos que constituem as funções de uma nova conselheira. E nessa pluralidade de assuntos, a formação e a capacitação formal são muito importantes.
Hoje existem inúmeras instituições de ensino focadas nisso, como a Dom Cabral, FIA, IBGC, Escola Saint de Negócios, onde você terá uma carga horária e uma exposição a assuntos e a temas que irão formar o lastro do seu repertório de conhecimento, preenchendo essa matriz (que se expande a cada dia) das funções de uma nova conselheira, nessa nova economia e sociedade, em contínua e intensa transformação.
Além desse lastro de capacitação, é muito importante também uma renovação através de certificações contínuas. Então há opções como a certificação do IBGC, programas de mentoria, certificações específicas (como a da Gonew que certificação de Conselheiras da Inovação - C2i) e especialistas na temática ESG, etc. Essas certificações asseguram essa contínua renovação e atualização do repertório e conhecimento requeridos.
Depois desse eixo de capacitação e certificação, há a questão de manter esse mesmo grau de atualização não somente no eixo dos conhecimentos, mas também no eixo das experiências.
É preciso estar conectada e atuante em distintas estâncias que navegam e criam em torno da causa da governança. Ser um associado do IBGC, participar do IBGC de forma ativa de em comissões temáticas, em grupos de discussão sobre a ótica de setores da economia e sobre o que está acontecendo em educação, varejo e nessas esferas setoriais, fazer parte de comunidades que mantém em ebulição todos esses temas e a matriz de risco constantemente em transformação (ou melhor em expansão!), seja o tema de riscos cibernéticos – em plena semana que tivemos um ataque de ransomware na Renner; seja a questão da emergência climática, sejam todos esses temas que vão surgindo e vão expandindo as dimensões de avaliações de risco.
Além disso, outro coletivo super importante é a WCD - Women Corporate Directors - uma associação que promove a capacitação contínua e é uma fonte excelente de networking para conselheiras.
E complementando um último eixo, sem dúvida nenhuma a importância do networking, que é resultante de todos os demais pontos. A partir do momento que você está em um coletivo de educação, de capacitação e em outros coletivos de co-criação, de discussão e produção de conteúdo; você dá visibilidade não só ao seu nome mas principalmente a sua influência. O impacto da sua atuação passa a ser percebido e notado, e é isso que faz com que o seu nome seja indicado para alguém, que comenta com alguma pessoa que esteja buscando um perfil específico de conselheira consultiva ou de conselheira de administração...
E obviamente com todas essas instituições mencionadas acima, faz sentido pontuar outras partes interessadas no universo da governança, como os headhunters e também os investidores – fundos de Private Equity. Esses são agentes em busca desses protagonistas da governança para integrarem os colegiados de suas investidas (no caso dos PEs) ou de seus clientes (caso dos Headhunters).
Tudo isso culmina com você conseguir ter um repertório relevante, dar visibilidade a esse repertório e ser reconhecida por esse repertório. E por isso tudo que é uma jornada – não se constrói essa percepção do dia para a noite. É um processo contínuo e que não tem fim enquanto se quer manter a atuação viva e constante."
Como ser uma boa conselheira?
“Em primeiro lugar acredito que deve-se ter uma reflexão e uma auto avaliação sobre qual é o seu lugar de fala; qual é o lugar e a dimensão que você de fato gera valor para aquela empresa e para colaborar com a longevidade dela e o alcance do impacto dela na sociedade. Isso é o primeiro passo.
Uma vez que você identifica então essa dimensão do seu lugar de geração de valor, manter-se em permanente expansão do repertório e da relevância do seu repertório nesse eixo/dimensão escolhida. E quando a gente fala em expansão, estamos falando de curadoria e formatos de conteúdo. Então você pode fazer um curso sobre determinado assunto, viagens que irão agregar conhecimentos e experiências naquele assunto, grupos de estudos, desenvolvimento de artigos... Enfim, são todas distintas formas de assegurar manter-se relevante naquela dimensão que você escolheu: é o lifelong e lifewide learning.
Também acho que hoje em dia, ser uma boa conselheira passa pela busca constante em ser uma melhor versão de si mesma – tanto no aspecto humano quanto no aspecto das habilidades socioemocionais.
Se há uma nova conselheira, não é apenas sobre o que ela faz, nos assuntos sobre o qual ela deve ter conhecimento, mas também na forma como ela atua em um conselho. Essa forma hoje é muito mais protagonista, propositiva, harmoniosa, colaborativa e também integradora – no sentido de integrar não só dentro daquele colegiado, mas principalmente a empresa no coletivo.
Nós estamos vivendo a era do coletivo, onde o resultado daquela empresa não se limita aos acionistas, mas sim a toda comunidade: interna e externa. Não só funcionários, não só acionistas; mas também aos clientes, fornecedores, mais a comunidade onde ela atua. O que mais de valor ela pode gerar de valor para aquela comunidade?
E é por isso que hoje a gente vê que todas as empresas, independente da sua área de atuação, passam a integrar verticais de educação, verticais de acesso e democratização – que são conceitos inerentes aos novos modelos de negócio, que pensam nesse capitalismo consciente (onde não há um plano B para o planeta) e onde cada uma precisa atuar de forma diferente na construção de um futuro melhor para todos.”
Por Luiza Ulysséa
What’s Trending?
A captação de startups fundadas ou com C-level mulheres segue acontecendo pelo mundo. Vejamos mais detalhes:
LatAm
Nessas últimas semanas, tivemos alguns deals interessantes na região:
Brasil
1) PetLove (Series C): PetLove é focada na venda de produtos para pets. Recentemente, recebeu um aporte de US$ 150 milhões (R$ 750 milhões) em uma rodada liderada pela Riverwood Capital. A PetLove nomeou recentemente a Talita Lacerda como sua CEO.
2) Insider Store (Debt Financing): startup de marca de roupas funcionais, feitas com tecnologia têxtil, de forma sustentável. A startup levantou R$ 12 milhões com o BoostLAB do BTG Pactual e possui como co-founder a Carolina Matsuse.
3) Pipo Saúde (Series A): A Pipo é uma corretora de benefícios de saúde, que une tecnologia e um time de especialistas para apoiar o RH na gestão de saúde das empresas. A startup recebeu funding liderado pela Thrive Capital de US$ 20 milhões (R$ 100 milhões) e possui como co-founder a Manoela Mitchell.
África
Nigéria
1) Moove (Series A): Moove é uma startup de Lagos/Nigéria. Fintech de mobilidade que fornece financiamento de veículos para seus clientes. Recentemente, recebeu um aporte de US$ 23 milhões e possui como Chief People Officer, Taiwo Judah-Ajayi.
África do Sul
2) Naked Insurance (Series A): startup insurtech de Johannesburg/África do Sul, que levantou ZAR 160 milhões e possui como co-founder a Sumarie Greybe.
Como de costume, listamos abaixo alguns dos deals que aconteceram nas últimas semanas ao redor do mundo, que também possuem founders ou C-level mulheres.
Se quiser mais detalhes de cada Startup, clique aqui!
Por Isabella Passos
Diverse and F*** Awesome People to Watch
Nessa sessão queremos reconhecer aquelas founders e líderes que estão fazendo um excelente trabalho e merecem destaque no meio de inovação, tecnologia e investimento. São pessoas que acompanhamos em nossa rotina como investidoras ou que admiramos de longe e que ainda não tivemos a chance de conhecer (ainda! Rs) 😍
Caso você tenha alguém para indicar, é só entrar em contato com a gente por meio do elasevcc@gmail.com ou por direct no nosso Instagram e mandar a sua indicação.
O que não falta é referência de pessoas f*das no ecossistema de inovação, só precisamos colocar o holofote no lugar certo! 📣
1) Co-Founder e CEO
Nome: Claudia Labate
Startup: Glic
Setor: Saúde
Local: São Paulo, BR
Product: Plataforma digital que auxilia o tratamento de pessoas com diabetes.
Expertise: Marketing, Liderança
Thoughts: A Claudia é formada em Marketing pela USP e no início da sua carreira esteve envolvida nessa área em algumas organizações pelas quais ela passou. Chegou a fazer alguns projetos no Chile e Tanzânia enquanto estava na International Diabetes Federation. A diabetes sempre mexeu com ela pois vive isso desde os 10 anos, quando foi diagnosticada. Foi nessa trajetória que percebeu que tratar a diabetes nem sempre era acessível, ainda era algo exclusivo para quem podia pagar.
Após sua experiência em algumas empresas e vivência pessoal, empreendeu em um espaço de coworking, onde conheceu o Gabriel que estava já idealizando a Glic. Nesse encontro de 2015, juntaram suas visões para criarem o que a Glic é hoje, uma solução que usa a tecnologia para cuidar e focar no paciente.
Uma curiosidade da Claudia é que ela tinha um sonho de infância em ser Doutora da Alegria e hoje tenta levar o olhar do palhaço para os demais lugares. Adora entender “gente” e nas horas livres toca um violão para descontrair. 📚🧘🏻♀️🥊
2) Investidora
Nome: Monica Blatyta
Gestora: EQWOW Capital
Tese: startups de diversos setores com foco em tech e ESG
Local: São Paulo, BR
Investimentos: N/D
Thoughts: A Monica iniciou sua trajetória no mercado financeiro, passando pelo Citi e Deutsche Bank, transitando entre São Paulo, UK, Lisboa e Nova York. Ficou 15 anos no IB e decidiu começar sua jornada empreendedora. Fundou a Azza Sports, agência de marketing full service, onde ficou por 10 anos. Nos últimos anos a Monica também foi investidora anjo em algumas startups. Hoje ela é fundadora da EQWOWO Capital, fundo de venture capital que está estruturando e que tem um olhar focado em E.S.G.
Além disso também é embaixadora da Endeavor e fez parte do programa internacional da EY “Winning Women”.
3) Executiva
Nome: Cassia Messias
Instituição: Zenklub
Local: São Paulo, BR
Expertise: Sales, Marketing, Management
Thoughts: Cassia assumiu o papel de COO da Zenklub no início deste ano. Com mais de 25 anos de experiência, teve uma carreira executiva em algumas multinacionais como Microsoft, AT&T e HP. Nos últimos anos Cassia ficou mais perto do ecossistema empreendedor e foi country manager da OpenText e da SocialBakers.
Além disso, Cassia também atua como Board Member da Stilingue, é advisor da Bossa Nova Investimento, membro do BR Angels e Conselheira do Instituto Capitalismo Consciente no Brasil. Dá pra ver que ela está bem próxima do ecossistema empreendedor e da agenda ESG e de impacto social, né?
Acompanhe essas mulheres f***s!!
Por Alied Monica
For Learning
Vamos às notícias e aos conteúdos interessantes que vimos nesse último mês… Acho que já deu pra perceber nossa paixão pelo tema ESG e impacto. Já falamos sobre a treta com o prof Damodaran, mas hoje vamos falar do universo de cleantechs e climatechs.
A origem do termo cleantech remonta a 2002, em um momento em que as greentechs falharam em preencher a lacuna entre as iniciativas orientadas pelo setor público e entregar retornos financeiros significativos aos investidores. Após a crise financeira de 2008, as cleantechs - como as greentechs antes delas - experimentaram um colapso massivo. Até hoje, cleantechs continuam atraindo ceticismo de alguns investidores. Mas, recentemente, as cleantechs se recuperaram com vários novos fundos de VC olhando para o tema e para os retornos crescentes. O Vale do Silício perdeu bilhões de dólares investindo em cleantechs há uma década. Agora elas estão de volta. É o próximo grande boom?
Cleantechs x Climatechs
Tradicionalmente, definimos cleantechs como qualquer novo modelo de negócios ou tecnologia que aumenta o desempenho, a produtividade e/ou a eficiência da produção, enquanto minimiza os impactos negativos no meio ambiente. Por outro lado, as climatechs lidam especificamente com a abordagem das mudanças climáticas e, portanto, são definidas como qualquer novo modelo de negócios e tecnologia que mitiga os impactos e impulsionadores das emissões globais de gases de efeito estufa.
Nas próximas news entro mais em detalhes nas startups que estão aparecendo nessas intersecções.
Para se deliciar:
The State of climate tech 2020 by PWC
Silicon Valley investing again in climate by Quartz
ClimatechVC: newsletter on climate and innovation
Fiquem à vontade para conversar conosco sobre o tema. Nos interessa muito trocas e indicações que enriqueçam a discussão! :)
Por Juliane Martins
Vagas no Setor
Venture Capital
Endeavor - Scale-Up Ventures
A Endeavor está com uma vaga aberta no time do fundo Scale-Up Ventures, dessa vez de Analista Júnior! A vaga é para ajudar na operação do fundo e também apoiar os empreendedores dos programas de aceleração com desafios em fundraising. Este é o link para a vaga e mais informações.
Se quiser contribuir, trocar opiniões ou dar qualquer feedback, pode responder esse e-mail! Ficaremos felizes!
Abraços,
Ali, Ju, Isa e Lu do Elas&VC