Oportunidade? O que o ecossistema brasileiro está falando sobre femtechs?
Saiba mais sobre o ecossistema de funding de femtechs e veja insights de investidor@s brasileiros sobre o setor.
Vamos para a edição #16 da Newsletter do Elas&VC, que tem a missão de inspirar, informar e conectar mulheres empreendedoras, investidoras, executivas do setor de tecnologia e demais pessoas da indústria. É nova(o) aqui? Confira nossas edições anteriores neste link.
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Tecnologias de saúde feminina no ecossistema brasileiro
Ano passado escrevi sobre o ecossistema global de femtechs, hoje, trago uma análise atualizada com números de 2020 e alguns insights de investidores brasileiros sobre o setor.
Lembrando o significado de femtech: soluções personalizadas para a saúde feminina.
Investimentos em femtechs têm crescido de maneira conservadora desde 2017, com total captado de $2.9 bilhões desde 2016. Em 2020, foi investido $1.023 bilhão em startups de saúde feminina nos US.
Fatores potencializando a indústria:
Pandemia da COVID-19, dado que a necessidade de cuidados personalizados e o apoio à mulher e à sua rede foram colocados em holofote.
Mulheres gastam em média 29% per capita a mais em saúde do que homens e são 75% mais suscetíveis à saúde digital. Cerca de $500 bilhões são gastos anualmente em cuidados médicos por mulheres e apenas 4% do valor investido em pesquisa e desenvolvimento de saúde é voltado especificamente para a saúde da mulher.
Avanço no ecossistema regulatório de aplicação de soluções digitais para problemas na saúde feminina. Ex. aprovação pelo FDA do wearable de fertilidade Ava.
Histórico pobre de exits relevantes: apenas 6 saídas de femtechs foram concluídas em 2019, apesar do aumento de 64% no valor de saída em comparação com 2018. As maiores saídas nos últimos anos incluem a oferta pública inicial de $130 milhões da Progyny (NASDAQ: PGNY) e a aquisição da This is L. pela Procter & Gamble (NYSE: PG) por $ 100 milhões. As ações da Progyny praticamente dobraram nos oito meses seguintes desde que se tornou pública.
Apesar do avanço no ambiente regulatório, ainda o nível de regulação exigida para tecnologia de saúde é muito alta, considerando o grande impacto que pode ser causado por erros nessas soluções.
De acordo com o Crunchbase, é esperado que a maioria dos produtos e serviços do setor venham de “empreendedores inesperados” como enfermeiras e outras mulheres e não de “startup boys” vindos de Harvard e Stanford.
Além do perfil sugerido de empreendedores, é importante pontuar os perfis dos investidores de health, pois muito é falado dos vieses inconscientes que resultam em menos K aportado em startups de mulheres (o que normalmente é o caso quando falamos de soluções voltadas para mulheres).
O setor de saúde digital está (ligeiramente) mais perto de alcançar uma proporção de gênero equilibrada do que outros setores. VCs de saúde, por exemplo, empregam 13% de mulheres sócias, em comparação com a média geral de VCs de apenas 10%. Enquanto 14% das empresas de saúde digital, que receberam aporte de VC nos EUA, tinham mulheres CEO, estas, quando de outras indústrias, representaram meros 11% de todo o funding de VC.
Algumas opiniões de investidores brasileiros:
1) Elisa Pereira: Kortex Ventures, VC resultante da parceria do Grupo Fleury e Grupo Sabin
Mercado Femtech:
Vemos um grande amadurecimento do mercado norte-americano com femtechs em rodadas avançadas de captação. Assim como diversas soluções de saúde, as soluções das femtechs podem endereçar dores de três grupos distintos:
Mulheres: com ofertas personalizadas ao contexto da mulher, que apoiam este grupo na sua jornada de saúde
Empresas: com ofertas que melhoram o bem-estar das suas funcionárias, elevando o seu engajamento com a empresa e reduzindo possíveis turnovers
Operadoras de saúde: com ofertas que conduzem as pacientes a um cuidado integrado e uma jornada mais otimizada de saúde
Ecossistema startups Brasil:
No ecossistema Brasil, acompanhamos de perto soluções muito interessantes que vem surgindo. O mercado ainda é incipiente e em franco desenvolvimento, mas acreditamos muito no potencial deste mercado por endereçar dores latentes que existem há anos e impactam milhares de mulheres.
Oportunidade?
Além de acreditarmos neste mercado, trata-se de um setor muito alinhado com a nossa tese de saúde personalizada e com boas sinergias com os centros de medicina reprodutiva e com os centros de medicina personalizada que existem dentro dos nossos cotistas atualmente.
Fica a dica para femtechs procurarem a Kortex!!
2) Leopoldo Lima: ex-Eretz-bio, ex-VOX Capital
Leopoldo é investidor do setor de saúde com passagens pelo Albert Einstein e VOX Capital.
Mercado Femtech:
Quando analisamos os gastos de saúde por faixa etária, observamos que acima da faixa de 20 anos a maior parte do gasto é realizado por mulheres. Nesse contexto, as femtechs surgem para endereçar dores específicas desse público e endereçam questões relevantes associadas à menopausa, fertilidade, entre outros.
Alguns fatores reforçam o mercado de femtech. Entre eles podemos citar envelhecimento da população associado à decisão cada vez mais frequente de se postergar a gravidez e também a mudança na forma de se consumir saúde, cada vez mais centrada na experiência do usuário/paciente. Os modelos de negócios que podem surgir para endereçar os problemas associados a esses fatores são bastante atrativos.
Ecossistema de funding:
Começam a surgir fundos estrangeiros especializados nessa tese e acredita que há espaço para o Brasil caminhar nessa direção a médio ou longo prazo.
Ecossistema startups Brasil:
As Femtechs ainda são muito incipientes no Brasil. Ao longo dos últimos anos, analisou poucas startups nesse nicho e conta nos dedos da mão aquelas que chamaram atenção. Contudo, enxerga isso de forma positiva: há grandes oportunidades no setor, dado que os problemas continuam lá aguardando por empreendedoras que queiram solucioná-los.
Oportunidade?
Apesar de falarmos de nicho, quando olhamos para saúde em geral, os nichos são gigantescos. Isso não seria diferente com femtechs. Até porque estamos falando aqui de startups que endereçam problemas que afligem potencialmente mais da metade da população.
Nas suas companhias passadas não acompanhou nenhum estudo específico de femtechs, no entanto identifica várias soluções D2C que se encaixam nessa tese. Por exemplo, a força de modelos como "For Him” e “For Hers” nos EUA são peers interessantes de serem analisados e são evidências da grande oportunidade do setor.
Algumas opiniões do ecossistema brasileiro:
1) Distrito
Existe um grande número de soluções empreendedoras voltadas à fertilidade, mas e as outras dores femininas? Grande parte dos dados que falam sobre as chamadas “femtechs” citam esse viés. Dito isso, nos últimos anos, os tecidos absorventes também ganharam espaço, trazendo um grande número de adeptas às calcinhas inteligentes que substituem absorventes tradicionais e, além de evitarem odores e bactérias, são sustentáveis. Por outro lado, ainda aparentemente existem poucas soluções voltadas às dores ou complicações do período menstrual, por exemplo.
Aqui no Brasil, a lacuna de conteúdo parece tão grande que resolvemos abordar esse tema no nosso próximo Inside Healthtech do Distrito. Faremos um levantamento do ponto de vista de investidores, empreendedores e corporações sobre o assunto - assim como traremos em quais categorias, dentro do setor de saúde, se encaixam a maior parte das femtechs brasileiras. Vamos mapear também o cenário de investimento brasileiro em relação a esse nicho da saúde, tão importante pelo simples fato de que as mulheres representam mais de 50% da população.
Um exemplo de empresa brasileira já mapeada é A Nós Somos Capitu, startup brasileira em estágio inicial, fundada em 2020 que nasceu com o objetivo de ajudar nas dores de cólicas menstruais, trazendo uma solução saudável, tecnológica e sustentável, e está sendo desenvolvida por estudantes de engenharia. Além de empresas early, importante pontuar empresas já relevantes no setor, como a Pantys. Vamos aprofundar nos próximos meses o estudo sobre o setor, vem coisa boa por aí!
2) Eretz.bio
Vale a pena passar o olho nas tendências apontadas nesse artigo.
Olhando para o cenário BR, vemos um mercado de VC ainda nos primórdios, logo fundos focando nesse setor (como ocorre nos EUA e EU) são praticamente inexistentes. Além disso, é importante reiterar a falta de exits significantes nos últimos anos quando falamos de Brasil, o que dificulta a atratividade do mercado. Apesar disso, vemos grandes empresas se movimentando, como a Bayer, o ecossistema de funding global aumentando para essas soluções, peers investments se destacando com rodadas relevantes, teses se amadurecendo em outras regiões do globo e o ecossistema brasileiro de startups com soluções voltadas às mulheres no início do barulho. Devemos ver interessante avanço nesses próximos anos.
Startups de Femtech: Oportunidade?
Nós vemos uma oportunidade. E você?
Por Juliane Martins
What’s Trending?
A captação de startups fundadas ou com C-level mulheres foi acelerada nessas últimas semanas. Vejamos mais detalhes:
LatAm
Esta semana, trouxemos mais detalhes desses 5 deals que ocorreram na América Latina, e olhem que bacana: 3 deles são daqui do Brasil!
BRASIL
1) Loft (Série D): plataforma digital que utiliza tecnologia para simplificar a compra e venda de imóveis. A Loft foi fundada em 2018 em São Paulo e conta com o apoio de importantes investidores globais de Venture Capital, entre eles o D1 Capital Partners que liderou essa última rodada de US$ 425 milhões. Florian conta em seu texto que, com o aporte, a Loft atingiu “a marca de maior round de Venture Capital de uma empresa de tecnologia no Brasil”.
2) AoCubo (Série A): fundada em 2017 com a missão de transformar a experiência de compra e venda de imóveis, a startup opera como uma imobiliária digital. Nessa última rodada, a AoCubo recebeu um aporte de R$ 5 milhões, com a participação de Net Ventures, Ipanema Ventures, InfoCasas, CAVIG, além de investidores anjo. Destaque para a cofundadora e CCO Thais Cancian.
3) Cognitivo.ai (Série A): plataforma de inteligência de dados, que visa ajudar empresas a solucionarem desafios por meio de seus dados. Fundada em 2016, em São Paulo, recebeu recentemente sua última rodada no valor de R$ 2.4 milhões. No time de founders, destacamos a co-founder e head of community Camile Shinohara.
COSTA RICA
Costa Rica Insect Company (Seed): tem o objetivo de criar produtos à base de insetos como uma solução alternativa para a escassez de alimentos, bem como fornecer uma solução nutricional e saudável de alta qualidade para a desnutrição. A startup recebeu um aporte de valor não revelado. Destaque para a cofundadora Daniela Arias.
CHILE
Altum Lab (Seed): empresa de base tecnológica dedicada à pesquisa e desenvolvimento de novas ferramentas que se aplicam à automação, data mining e machine learning para solucionar problemas de empresas chilenas e latino-americanas. A Altum Lab recebeu um aporte de US$ 400 mil. Aqui o holofote vai para a Madeleine Valderrama, cofundadora e CEO.
World
Como de costume, listamos abaixo alguns dos deals que aconteceram nas últimas semanas ao redor do mundo, que também possuem founders ou C-level mulheres.
Se quiser mais detalhes de cada Startup, clique aqui!
Por Isabella Passos e Juliane Martins
Diverse and F*** Awesome People to Watch
Nessa sessão queremos reconhecer aquelas founders e líderes que estão fazendo um excelente trabalho e merecem destaque no meio de inovação, tecnologia e investimento. São pessoas que acompanhamos em nossa rotina como investidoras ou que admiramos de longe e que ainda não tivemos a chance de conhecer (ainda! Rs) 😍
Caso você tenha alguém para indicar, é só entrar em contato com a gente por meio do elasevcc@gmail.com ou por direct no nosso Instagram e mandar a sua indicação.
O que não falta é referência de pessoas f*das no ecossistema de inovação, só precisamos colocar o holofote no lugar certo! 📣
1) Founder
Nome: Renata Bonaldi
Startup: SleepUp
Setor: Healthtech
Local: São Paulo, BR
Product: Plataforma digital que melhora o sono de forma natural e eficaz com programas digitais personalizados, monitoramento e telemedicina.
Investors/Acceleration: Aceleração pelo Founder Institute, Samsung e incubada na Eretz.bio.
Thoughts: Renata é formada em engenharia pela FEI, com mestrado em educação e PhD em têxteis eletrônicos para a saúde. Possui mais de 15 anos de experiência com inovação, P&D, educação e gestão de projetos, acumulando uma boa bagagem técnica com business. Sempre teve uma veia empreendedora e foi enquanto fazia a tese do seu MBA na Universidade de Manchester, que começou a desenvolver a ideia da SleepUp e formou um time multidisciplinar que conhece muito sobre o assunto! Inclusive a Renata tem uma irmã gêmea que também é cofundadora da empresa.
A SleepUP passou pelo programa do Founder Institute, lançou o seu MVP no início de 2020 e desde então a empresa recebeu o apoio e validação de instituições importantes como a Samsung, FAPESP e o Hospital Albert Einstein. Para quem ainda não conhece, vale acompanhar e também usar o produto. 😍
A Renata ama viajar e conhecer outras culturas diferentes da nossa, morou fora 6 anos e conhece mais de 30 países. Ela é muito curiosa e adora aprender, conhecer e viver coisas novas e diferentes! Ama dançar, principalmente dança do ventre e dança de salão. 🎶
2) Investidora
Nome: Jéssica Silva Rios
Instituição: VOX Capital
Setor: Empresas de tecnologia
Local: São Paulo, BR
Investimentos mais recentes: WeCancer, Celcoin e Grão.
Thoughts: Jéssica Rios lidera a estratégia de Gestão e Mensuração de Impacto da VOX Capital. É formada em Administração pela PUC-SP e antes da VOX, passou pela PwC, acumulando mais de 8 anos de experiência em consultoria na área de operações.
Sua vontade de atuar com impacto socioambiental vem desde cedo e se envolveu como voluntária em iniciativas de desenvolvimento de jovens da rede pública de ensino, com organizações como United Way e Junior Achievement, e também com refugiados, no programa Citizenship 101.
Jéssica é baiana de Vitória da Conquista e casada com Rafael. Gosta de viajar, conhecer novas culturas, experiências gastronômicas e, especialmente, novas pessoas - inclusive está fazendo pós em sociologia. Além de ser conectada a pessoas, é conectada à natureza, como uma forma de melhor se reconectar com toda sua essência, corpo e alma! 🧘🏼♀️
3) Líder
Nome: Lilian Natal
Instituição: Distrito
Local: São Paulo, BR
Expertise: Marketing, Gestão de Comunidades.
Thoughts: A Lilian Natal é apaixonada por inovação, startups e comunidades, e hoje é líder da comunidade de startups da Distrito, que conta com mais de 250 startups do país todo. Antes de entrar na Distrito e se dedicar a ações de comunidade a startups, Lilian cofundou duas startups, a Play2sell e Videfy.
Também é mentora em programas de aceleração e idealizadora do Community Summit BR, maior evento para a construção e engajamento de comunidades, e já foi professora de empreendedorismo na pós-graduação da HSM.
E para quem adora o tema e quer saber mais sobre Gestão de Comunidades, recomendamos o e-book que a Lilian lançou no ano passado. 📖
Por Alied Monica
For learning
Vamos às notícias e aos conteúdos interessantes que vimos nesses últimos dias… Coisinhas que agregam conhecimento e merecem ser compartilhadas!
E esse mês muitos “How to…”
1. How to avoid a climate disaster? - Bill Gates
Para entusiastas da economia verde, impacto e cleantechs. Com foco nos problemas gerados pelas emissões de gases estufa, o livro traz vários dados interessantes e insights sobre inovações e o desenvolvimento de tecnologias necessárias para zerar as emissões líquidas de carbono até 2050.
2. How FJ Labs Evaluates Startups - Fabrice Grinda
Para investidores (dica para os analistas de plantão): um modelo mental bem interessante para análise de oportunidades e organização do pipeline.
3. How to (Actually) Calculate CAC – Brian Balfour (ex-VP Growth at Hubspot)
E por fim, para as empreendedoras que estão arrumando a casa e organizando suas métricas! Muita gente tem dificuldade de fazer o cálculo do CAC da forma correta e de interpretar essa métrica - tá aqui um conteúdo que pode ser bem útil no processo!
Por Luiza Ulysséa
Conteúdos que tão rolando no ecossistema
1) Live: Olhares sobre o e-commerce, PMEs, Big Techs, Venture Capital e Diversidade. Um papo super especial a convite da GV Angels + Elas&VC junto com a Maíra Castro (VP de Produto na OLX e investidora-anjo) e Gabriela Lea (co-founder e COO na Unbox).
2) Podcast: Por que o tema da diversidade é - ainda mais - importante para startups e VCs?. Neste episódio, o time do Elas&VC assumiu o controle do Meu Primeiro Cheque (podcast da GVAngels). Sob a liderança da dupla Isa e Ali, aqui do Elas&VC, as convidadas da vez foram Patrícia Osorio, co-founder da Birdie, e Bárbara Raymundo Alvim, sócia e ESG Officer da Oria Capital. Papo muito rico e que com certeza vale escutar!
3) É hora de investir em startups lideradas por mulheres by Itali Collini. Artigo bem interessante e com dados críticos sobre funding para empreendedoras!
4) Guia sobre Mútuos Conversíveis e SAFEs. ontem a Basement lançou mais um de seus importantes guias para o ecossistema de empreendedorismo. Neste, em especial, houve a participação da Isa, aqui do Elas&VC, representando a Astella. Vale a pena a leitura!
Queremos criar outras frentes no Elas&VC e para isso gostaríamos de te conhecer um pouco mais e saber sobre seus interesses. É uma pesquisa bem rápida e isso vai nos ajudar a criar mais valor. Clique aqui para responder, vai ser menos de 30 segundinhos! :)
Se quiser contribuir, trocar opiniões ou dar qualquer feedback, pode responder esse e-mail! Ficaremos felizes!
Abraços,
Ali, Ju, Isa e Lu do Elas&VC