Pelos olhos de uma CEO...
Ritos de gestão + Girls having funds + Líderes que admiramos + Treta no ESG
Vamos para a edição #18 da Newsletter do Elas&VC, que tem a missão de inspirar, informar e conectar mulheres empreendedoras, investidoras, executivas do setor de tecnologia e demais pessoas da indústria. É nova(o) aqui? Confira nossas edições anteriores neste link.
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Ritos de gestão: como eu gerencio times remotos na Chili
Como tudo começou
O ano era 2020. Nós tínhamos acabado de fechar nossa rodada de investimento Seed em junho. Assim que o dinheiro caiu na conta, nós fomos para o mercado contratar os melhores talentos que nós pudemos encontrar. Naquela época, nós éramos 10. Apenas 3 meses depois, nós éramos 30 pessoas. Pode não parecer muito, mas o time ficou 3 vezes maior do que era. Só esse crescimento acelerado já teria instaurado o caos em qualquer empresa. Agora, pense que, para piorar, nós fizemos isso no meio de uma pandemia mundial, contratando e trabalhando remotamente. Ou seja: caos ao quadrado. E eu precisava urgente aprender maneiras melhores de gerenciar todo aquele povo.
Depois de ter contratado e montado com sucesso todas as principais equipes dentro da Chili, eu consegui delegar a maioria das tarefas, que antes tomavam 80% do meu tempo. E foi aí que eu percebi que eu nunca tinha feito "coisas de CEO" antes, ainda que o meu perfil no Linkedin tivesse esse job title. De um trimestre para o outro, eu não era mais a "faz-tudo" da empresa - a executiva de vendas, product owner, gerente de marketing, etc.
Por algumas semanas, as coisas ficaram bem caóticas. Eu sentia que, por ter delegado rápido demais, eu não havia construído iniciativas de gestão sólidas para facilitar o fluxo de informação entre os diferentes níveis da empresa. Dessa forma, as informações colhidas pelos times da operação não estavam chegando nos outros times e níveis de empresa, ameaçando o nosso crescimento. Então eu tive que aprender como ser uma gestora.
Quando me dei conta disso, eu fiz o que sempre faço: benchmark. Li livros, assisti vídeos, ouvi podcasts e falei com outros empreendedores sobre como eles gerenciavam suas equipes e sobre quais eram os seus rituais de gestão. Então, comecei a construir os nossos próprios rituais com base nas melhores práticas que eu ia observando no mercado, adaptando-as para as nossas necessidades e aprimorando sempre que necessário.
Todo esse processo culminou em um documento que descreve todas as nossas práticas de gestão da Chili, que eu chamo de "Ritos de Gestão". Esse documento descreve todos os rituais internos que nós temos, otimizando as discussões para o formato que a gente está trabalhando atualmente que é remote first. Esse processo transformou a maneira como trabalhamos na Chili - eu espero que com esse artigo eu possa contribuir para que outros times trabalhem melhor e atinjam seus objetivos, mesmo que trabalhando remotamente.
Para que servem os nossos ritos de gestão
O Andrew Grove resumiu muito bem em "High Output Management" as três principais responsabilidades que eu defendo que um gestor tem que ter:
Colher e passar informações
Tomar decisões
Influenciar pessoas a agirem
Quando eu me vi no meio do caos, descobri que o nosso maior problema era o número 1: por termos crescido rápido e remotamente, ainda não estávamos conseguindo trafegar informação efetivamente dentro da companhia, o que dificultava e atrasava a tomada de decisões. Tendo isso em mente, os nossos ritos de gestão foram desenhados primariamente com esses três objetivos em mente: colher e passar informações, facilitar a tomada de decisões e influenciar pessoas.
De forma simplificada, nossos ritos de gestão podem ser divididos em 3 esferas principais: objetivo, estratégia e tática. Esferas estas que descreverei com mais profundidade a seguir.
Objetivo: onde queremos chegar
Sabe aquela frase "se você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve"? Então... eu já vivi assim antes, quando éramos bootstraped e eu tinha acabado de começar a minha carreira como empreendedora. Felizmente, hoje sabemos exatamente onde queremos chegar e, na prática aqui na Chili, isso é traduzido em forma de um Business Plan de 24-36 meses.
É nele que definimos:
Premissas de geração de receita (como conversões de funil, ticket médio, etc)
Plano de contratação e remuneração de pessoas
Cashflow
EBITDA & P&L
Estratégia: como vamos chegar
Definido o nosso BP, temos a base que precisamos para falar de estratégia. Fazemos isso no que chamamos de Planejamento Estratégico, que é uma dinâmica, geralmente offiste, que fazemos com todas as lideranças, com o objetivo de definir OKRs para a empresa e para todas as áreas da Chili para o trimestre.
Funciona mais ou menos assim: eu e o Léo (meu sócio) apresentamos OKRs company level antes do planejamento estratégico - que são metas que todos nós precisamos atingir como empresa. Essas metas servem de estrela-guia para a definição dos OKRs dos times da companhia.
Gosto muito de como o John Doerr ilustra essa dinâmica no livro "Measure What Matters" (como na imagem abaixo) - literatura imperdível para quem quer começar a trabalhar com OKRs. Se você não tem muito tempo para essa leitura, tente começar por esse TED Talk de apenas 11 minutos.
Passamos um dia inteiro discutindo as principais inciativas da Chili para o trimestre, de forma que, ao final da dinâmica, a gente entre em um consenso com relação a todas elas.
Tática: o que vamos fazer para chegar lá
Esse planejamento trimestral é a base que nós precisamos para trabalhar no dia a dia. A nossa tática é toda definida e acompanhada no que nós chamamos de comitês. Eles acontecem semanalmente e possuem entre 30 e 60 min de duração. Na Chili, atualmente, possuímos 6 comitês, que preenchem quase toda a minha agenda de segunda-feira:
Produto
Tecnologia
Gente e gestão
Financeiro
Customer Success
Growth
Para que as discussões sejam produtivas nesses fóruns, os times submetem um relatório 1 dia antes do comitê contendo:
Todos os principais KPIs da área e seus respectivos "faróis" (verde = dentro do previsto, amarelo = ligeiramente fora do previsto, vermelho = completamente fora do previsto);
Atualização com relação aos OKRs da área, também com seus respectivos "faróis";
Plano de ação para a semana (quais iniciativas mais importantes serão realizadas nos próximos dias para impactar principalmente os KPIs e OKRs que não estejam se saindo conforme o planejado).
O último item (plano de ação), talvez seja o mais importante aqui. Usamos uma metodologia que chamamos de "FCA" (Fato, Causa, Ação).
"Fato" tem que ser baseado em um dado concreto, por exemplo, um KPI como "Não atingimos nossa meta de geração de receita essa semana".
"Causa" é uma hipótese do porque estamos tendo essa fricção como "não estamos conseguindo gerar o número previsto de SQLs".
"Ação" é o que vamos fazer para melhorar o KPI em questão. Como "vamos investir mais em Facebook Ads para gerar mais leads" ou "vamos contratar um SDR para gerar mais SQLs para o time de vendas".
Com esse formato em mente, todos chegam na reunião com o relatório previamente lido e nós usamos o tempo do comitê para ter discussões mais profundas sobre o plano de ação e sobre como eu, ou algum outro colega, pode ajudar a destravar qualquer tipo de barreira que eles estejam tendo para atingir seus objetivos. Assim vamos fazendo ajustes frequentes, de forma que a gente nunca perca os OKRs de vista e de forma que possamos trabalhar com agilidade, sempre em ciclos semanais.
Em resumo
Tentei resumir no quadro-resumo abaixo, tudo o que eu disse nesse artigo, para dar uma visão geral de quais são os meus rituais de gestão de equipes aqui na Chili.
Cerca de 25% do meu tempo é destinado para esses tipos de atividades. Pode parecer muito, mas eu considero ser o melhor investimento de tempo que eu faço no meu dia a dia, porque é quando eu consigo acompanhar de perto tudo o que está acontecendo, tomar decisões e entender onde eu posso alocar minha energia nos demais dias para destravar barreiras e ajudar meu time a atingir seus objetivos.
Ah, eu compartilho vários conteúdos como esse no meu Instagram e Linkedin. Se você quiser acompanhá-los, me segue por lá! Obrigada pela leitura. Até a próxima!
Por Deborah Folloni
What’s Trending?
A captação de startups fundadas ou com C-level mulheres segue acontecendo pelo mundo. Vejamos mais detalhes:
LatAm
Nessas últimas semanas, tivemos alguns deals interessantes na região:
Brasil
1) Z1 (Seed): a Z1 é uma startup ex-YC que oferece uma conta digital para adolescentes atrelada a um cartão Mastercard. A empresa recebeu aporte de fundos como MAYA Capital, Rebel, Homebrew, entre outros. Z1 tem como co-founder a Sophie Secaf e promete revolucionar a educação financeira de jovens.
2) Carefy (Seed): plataforma de gestão para operadoras de saúde com foco em reduzir os custos de internação e melhorar a qualidade do atendimento da rede credenciada. A startup recebeu funding da Bossa Nova e possui como founder a Erika Monteiro.
Colômbia
1) Ubits (Series A): plataforma de educação online de capacitação corporativa com mais de 500 cursos. A empresa recebeu funding da Owl Ventures e possui como fundadora Marta Sepúlveda.
2) LAIKA (Series A): plataforma de e-commerce para pets que levantou US$ 12 milhão de Y Combinator, JAM Fund, entre outros e possui como fundadora a Manuela Villamarin.
Equador
1) Kushki (Series B): Kushki é uma processadora de pagamentos digital, com sede nos Estados Unidos, com mais de 20 anos de experiência na indústria de pagamentos, sob a plataforma Aurus Inc. A startup recebeu funding de investidores como Kaszek e do Softbank e possui a Daniela Espinosa como cofundadora e COO.
Como de costume, listamos abaixo alguns dos deals que aconteceram nas últimas semanas ao redor do mundo, que também possuem founders ou C-level mulheres.
Se quiser mais detalhes de cada Startup, clique aqui!
Por Juliane Martins
Diverse and F*** Awesome People to Watch
Nessa sessão queremos reconhecer aquelas founders e líderes que estão fazendo um excelente trabalho e merecem destaque no meio de inovação, tecnologia e investimento. São pessoas que acompanhamos em nossa rotina como investidoras ou que admiramos de longe e que ainda não tivemos a chance de conhecer (ainda! Rs) 😍
Caso você tenha alguém para indicar, é só entrar em contato com a gente por meio do elasevcc@gmail.com ou por direct no nosso Instagram e mandar a sua indicação.
O que não falta é referência de pessoas f*das no ecossistema de inovação, só precisamos colocar o holofote no lugar certo! 📣
1) Founder
Nome: Roberta Sotomaior
Startup: Bloom
Setor: Saúde
Local: São Paulo, BR
Product: Plataforma digital que acompanha e transforma a jornada de saúde reprodutiva e familiar de mães e pais que trabalham.
Expertise: Vendas, CX, Liderança
Thoughts: A Roberta iniciou sua vida profissional no mercado de luxo/varejo em Londres e SP, acumulando mais de 6 anos de experiência em vendas, cx e desenvolvimento de negócios!
Durante sua jornada aprendeu que prevenção é uma forma muito mais efetiva de transformar o mundo e que a verdadeira prevenção começa no útero. Cofundou com Antonia Teixeira a Bloom, o primeiro family benefit no Brasil, que acompanha e transforma a jornada de saúde reprodutiva e familiar de mães e pais que trabalham. Tem entre seus clientes empresas como Natura, Grupo Astra e Olist.
Esteve na Índia inúmeras vezes em retiros de meditação. Boxe, poesia e qualquer coisa escrita por Ellen Langer e Ben Horowitz são sua terapia! Livros sobre feminismo e saúde feminina são fontes de inspiração: atualmente está lendo Unwell Women: A Journey Through Medicine And Myth in a Man-Made World, de Elinor Cleghorn (fica a dica!!). 📚🧘🏻♀️🥊
2) Investidora
Nome: Kim Machlup
Instituição: Investidora Anjo, diretora da GVAngels e founder da Baskets!
Setor: Olha com carinho startups de impacto
Local: São Paulo, BR
Investimentos: Eats For You; Yes, We Grow; Standout, Instaviagem, Pólen.
Exits: Pegaki
Thoughts: Kim é fundadora da Baskets, depois de passar 1 ano na Loft e, antes disso, 6 anos como sócia da MOV Investimentos, um dos primeiros fundos de investimento de impacto do Brasil! Adora conhecer comidas novas e diferentes (deste hobby também surgiu a Baskets!). Professora formada em yoga, apesar de nunca ter dado aula profissionalmente. Seu meio de transporte é uma bike elétrica. Desde seu mestrado em Liderança no Terceiro Setor se envolve com causas socioambientais e faz parte do Conselho do Instituto C e do Cenpec. 🧘🏻♀️🚴🏻♀️🍽
3) Executiva
Nome: Aurora Suh
Instituição: Omie S.A.
Local: São Paulo, BR
Expertise: Revenue e Growth
Thoughts: Com mais de 25 anos de experiência, Aurora Suh é Chief Revenue Officer da Omie, ERP nativo na nuvem. A executiva permaneceu por quatro anos na TOTVS, que oferece sistemas de gestão on-premise e também atuou como Diretora de Estratégia Comercial da Linx.
Além disso, Suh também atua como Diretora da Ellevate Network, grupo global de executivas que conecta mulheres líderes e as apoia em seu desenvolvimento e é vice-presidente da ARCAMAIS, organização sem fins lucrativos que utiliza dados e tecnologia para transformar a vida de pessoas que vivem em situação de extrema vulnerabilidade. Incrível, né??
Contando um pouquinho do lado B da Aurora, ela é apaixonada por pessoas e tecnologia, além de ser super curiosa! E, em seu tempo livre faz Jazz! 🎺🎷🎶
Vale super a pena acompanhar essas mulheres f***s!!
Por Isabella Passos
For Learning
Vamos às notícias e aos conteúdos interessantes que vimos nesse último mês… Coisinhas que agregam conhecimento e merecem ser compartilhadas!
Treta no ESG
Era uma vez uma live… Mais um dia normal na nossa arrastada quarentena e na vida de uma analista, com a regular chuva de lives, podcasts, newsletters e por aí vai… Até que o reconhecido “papa” do Valuation, prof. Aswath Damodaran, da NYU, solta um ácido comentário com a sua perspectiva sobre investimentos ESG…
É muito raro alguém se posicionar de forma tão crítica sobre o assunto, mas diversidade em pontos de vistas, opiniões e espectros são muito bem-vindos (quando feitos com respeito, é claro). Diversidade é importante para expandirmos nosso conhecimento ou mesmo reforçar nossas crenças.
A provocação do professor já vem de outros carnavais e, para quem se interessa pelo assunto, vale a pena ler o artigo escrito por ele em setembro do ano passado: Sounding good or Doing good? A Skeptical Look at ESG.
No entanto, acho válido compartilhar também um contraponto. O mundo está mudando e não levar em consideração que a limitação dos recursos ambientais e a captura de valor por virtudes irá impactar os negócios é algo perigoso para o universo corporativo.
De fato, não é novidade que vários players tentam se beneficiar no curto prazo com conceitos que estão em alta. Essa apropriação sem muito fundamento ou profundidade técnica é comum, mas, no jogo do longo prazo, dificilmente se sustenta.
Acredito que este é um caminho sem volta e o tempo irá refinar ainda mais o conceito e as metodologias ESG atreladas a investimentos, de forma que esse seja um espectro muito forte, se não o predominante.
E para fechar, compartilho um gráfico com a performance do fundo de ações da gestora brasileira FAMA Investimentos, que, desde 1997, tem ESG incorporado no seu DNA investidor e é uma das grandes referências do assunto no Brasil:
A ideia trazer um exemplo real de investidores no mercado brasileiro que “walk the talk” e tem obtido resultados consistentes ao longo do tempo. Acredito que casas assim tendem a sedimentar seu espaço, tanto em ações quanto em Venture Capital, Private Equity, crédito, etc.
Para saber mais sobre o olhar da FAMA para ESG, recomendo acessar a página no site da gestora sobre “Nossas opiniões e como as incorporamos no Processo de Investimento". Lá também tem vários conteúdos legais para quem se interessa pelo tema.
Mais sobre o assunto:
Fundos ESG captaram ao menos R$ 2,5 bi em 2020 no Brasil. O que está por trás do número? - Capital Reset
Damodaran detona o ESG. Erro de Valuation? - Brazil Journal
1 On 1 in the Barn: Fabio Alperowitch - FAMA Investimentos - Barn Investimentos
Pesquisa revela preocupação de jovens com políticas de ESG nas empresas - Época Negócios
Governança é base dos critérios ESG, diz Amec - Valor
Fiquem à vontade para conversar conosco sobre o tema. Nos interessa muito trocas e indicações que enriqueçam a discussão! :)
Por Luiza Ulysséa
Vagas no Setor
Venture Capital
Endeavor - Scale-Up Ventures
A Endeavor está buscando uma estagiária ou estagiário para compor o time e ajudar especialmente com a operação e dia a dia do fundo lançado há pouco tempo (Scale-up Ventures). O link da vaga está aqui.
Fegik Investimentos - Family Office
A Fegik busca uma Hunter de Negócios para ajudar em seu dia a dia. Se você conhece alguém neste perfil, converse com a Lara Bianchi - (16) 99975-1142.
Capital Lab Ventures - Fundo de Venture Capital
A Capital Lab está crescendo seu time e busca uma analista. Para saber mais sobre a oportunidade e se inscrever, acesse este link.
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Abraços,
Ali, Ju, Isa e Lu do Elas&VC