Como investimento de impacto se conecta com Venture Capital?
+ mulheres para você acompanhar e conteúdo para você curtir no feriado
Vamos para a edição #14 da Newsletter do Elas&VC, que tem a missão de inspirar, informar e conectar mulheres empreendedoras, investidoras, executivas do setor de tecnologia e demais pessoas da indústria. É nova(o) aqui? Confira nossas edições anteriores neste link.
Primeiro, um recado importante!
Vamos passar a enviar a nossa news mensalmente! Então, esperamos que gostem do conteúdo especial que separamos para essa News de Fevereiro!!
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Por uma evolução do mercado financeiro com mais Impacto!
Hoje vou compartilhar com você um tema que vem sendo muito discutido atualmente, mas que não é tão novo assim...Mas, antes, compartilho um pouco das reflexões que tive até descobrir esse mundo.
Vivemos em um país desigual. Somos uma das maiores economias do mundo, mas estamos na 8ª posição do ranking de países mais desiguais (PNUD) - desigualdade, essa, que aumentou com a pandemia. Uma pesquisa da FGV Social mostra que 12.8% da população vive com menos de R$ 246,00 por mês, por outro lado, o número de bilionários só sobe.... Isso sempre me incomodou e me perguntava o que poderia ser feito para mudar isso.
Foi quando comecei minha jornada profissional no mercado financeiro que essa insatisfação ficou mais forte e vi que aquele não era meu lugar. Apareciam questionamentos se eu estava ajudando a mudar essa nossa realidade ou apenas ajudando investidores a acumularem ainda mais dinheiro. No final do dia, quem é o beneficiado pelo esforço do meu trabalho? Qual o impacto da ação X que está sendo recomendada pelo banco?
Isso se estende para além do dia a dia profissional, ou seja, para qualquer decisão que tomamos na vida. Será que o produto que você consome piora o meio ambiente? E os seus investimentos? Será que somos conscientes do que é que os nossos investimentos financiam lá na ponta? Em resumo, qualquer ação causa um impacto no mundo.
Estava claro para mim que o mercado financeiro ia contra o que eu acreditava na época, pois ele aumentava as desigualdades sociais...Mas, após algumas pesquisas, descobri que era possível, sim, investir em negócios que melhoram a nossa sociedade. Os investimentos de impacto vieram para ficar e se tornam ainda mais necessários em um país como o nosso.
O mercado financeiro tem olhado essa indústria mais de perto agora, mas é uma modalidade presente no mercado há mais de 10 anos e vem sendo ainda mais alavancada pela geração Millennial e Z. O termo oficial “impact investing” apareceu pela primeira vez no relatório “Impact investments: An Emergent Asset Class”, publicado pelo JP Morgan e a Fundação Rockfeller. No Brasil, a primeira gestora de investimento de impacto foi a VOX Capital, onde me encontrei e trabalho hoje em Venture Capital.
O GIIN nos dá uma definição clara e simples sobre o termo: “investimentos de impacto são investimentos feitos com a intenção de gerar impacto socioambiental positivo e mensurável, além de retorno financeiro”.
Existem diversos produtos financeiros que podem ser considerados investimentos de impacto, mas o que mais predomina são os produtos de Venture Capital e Private Equity, eles representam cerca de 36% da indústria de impacto.
1. ESG e Investimento de Impacto são estratégias diferentes
Investimentos de impacto e ESG são diferentes e complementares. Enquanto o ESG monitora as externalidades do negócio e faz a mitigação de riscos com boas práticas corporativas, o investimento de impacto investe em empresas no qual o core business é criar soluções que resolvam problemas sociais. A seguir você pode ver mais detalhes de cada estratégia.
ESG: leva em conta os efeitos sociais, ambientais e de governança de qualquer negócio. Aqui não é analisado o impacto direto do core do negócio, mas sim como ele impacta indiretamente a sociedade, seus trabalhadores, a comunidade em que a operação está inserida e o meio ambiente. Na nossa News #12 falamos um pouco mais sobre o tema.
Investimento de Impacto: foca em negócios no qual a atividade principal é gerar um retorno financeiro e socioambiental. Aqui o impacto está diretamente relacionado ao core do negócio. Na VOX, por exemplo, os três principais setores que identificamos que geram um impacto positivo direto são saúde, educação e serviços financeiros.
Figura 1: Clique aqui para melhor visualização
2. Indo além do risco e retorno financeiro
O mercado financeiro está acostumado a medir duas dimensões para a alocação do seu portfólio: o risco e o retorno. Um Venture Capital tradicional busca constantemente empresas de tecnologia que sejam disruptivas no mercado e escaláveis. Durante um processo de análise, existem critérios que já somos familiarizados, como o potencial de mercado, equipe, produto, tração, entre outros, para identificar o risco e o retorno financeiro de uma oportunidade. É a partir dessas duas dimensões que uma decisão de investimento é tomada.
Já o investimento de impacto adiciona uma terceira dimensão para analisar o objetivo e o risco de impacto de um negócio. A tecnologia tem um poder enorme. Por ser escalável, ela é essencial para a ampliação do acesso de produtos e serviços para a população que hoje ainda é mal atendida, e isso gera impacto social.
Na VOX usamos essa dimensão 3D (risco, retorno e impacto) para uma tomada de decisão.
Isso vai desde uma etapa de análise, monitoramento do portfólio, até a saída da startup. Algumas das metodologias que usamos durante a análise de investimento e que posteriormente apoiam a Gestão de Impacto são: a Teoria da Mudança, as cinco dimensões do IMP (Impact Management Project) e o alinhamento com as ODS da ONU. Como a própria definição do GIIN diz, investimento de impacto não é só intenção, é preciso mensurar o impacto socioambiental que é gerado. Para isso, devem ser implementadas métricas de impacto e realizados estudos em parceria com a academia para medir os outcomes no médio a longo prazo.
Você não precisa escolher uma dimensão ou outra...
É possível investir em negócios escaláveis, rentáveis e de alto impacto sem abrir mão de retorno financeiro para ter mais impacto. Trago como exemplo o segundo fundo de investimento da VOX que está entre os 25% mais rentáveis fundos de Venture Capital do mundo, segundo o Pitchbook. Alguns cases de sucesso do portfólio são a Sanar e Celcoin. Se quiser saber mais sobre os cases, só clicar nos links.
Tenho boas expectativas da nossa indústria. A temática ESG e de Impacto veio para se consolidar e espero que em breve os VCs tradicionais também comecem a incluir essa terceira dimensão de impacto em suas decisões de investimento. Ainda são poucos, mas já vejo alguns se posicionando.
E como mencionei no começo, investimento de impacto vai além do nosso mundo de VC. Existem gestoras de recursos se movimentando mais pela temática ESG e alguns já vêm usando a terminologia “impacto” - parece até que virou mainstream para o mercado. Mas reforço que não basta ter a intenção e seguir essa “onda do mercado”, é preciso mensurar o impacto e ser transparente com os seus investidores. A mentalidade do mercado financeiro deve mudar e espero que em breve ela seja diferente do que a que eu observei de perto há dois anos.
Todo investimento tem impacto. É uma escolha nossa se ele vai ser positivo ou negativo para a nossa sociedade. Eu escolhi pelo positivo.
Por hoje é isso. Adoraria compartilhar mais sobre o tema e contar boas práticas de impacto em um VC. Hoje foi uma “intro” sobre o tema, mas numa próxima news exploramos mais isso. 😉
Por Alied Monica
What’s Trending?
A captação de startups fundadas ou com C-level mulheres foi acelerada nessas últimas semanas. Vejamos mais detalhes:
LatAm
Nesse último mês destacamos 5 deals para compartilhar com vocês, sendo 4 brasileiros.
BRASIL
1) Series A - FOHAT: startup de energy intelligence, que tem como objetivo conectar geradores, traders e consumidores de energia em modelos de mercado livre, transformando bits em coins. A empresa já recebeu ao todo R$ 8.4 milhões e é uma empresa para ficarem de olho dada a movimentação do setor de energia. Possuem como Founder e Chief People & Culture Officer a Daniela Paes.
2) Seed - Play2Sell: plataforma de treinamentos de vendas via gamificação. O valor captado foi de R$ 2 milhões via crowdfunding, com participação do Poli Angels. Essa é a 3ª rodada de investimento da empresa. Anteriormente, captou com outros anjos e Bossa Nova Investimentos. Destaque para o time diverso.
3) Grant - Agryo: plataforma de inteligência de risco no agronegócio, que ajuda instituições financeiras, seguradoras e outros a tomarem decisões melhores sobre seus contratos financeiros no setor agrícola. O valor captado foi via aceleradora canadense focada em fintechs: Holt Accelerator. A empresa ataca uma dor grande do setor agrícola, dado a relevância da falta de acesso a serviços financeiros pelos produtores.
4) Series G - Nubank: o banco digital roxinho. O valor captado foi de US$ 400 milhões, com investidores como Sequoia, Kaszek, Ribbit, entre outros. Lembrando que a última rodada foi em julho de 2019 e captou-se também US$ 400 milhões. O segmento está cada vez mais competitivo e a capacidade de levantar capital será crucial.
CHILE
1) Grant - Swarmob: plataforma de educação focada nos conhecimentos relacionados a impacto, sustentabilidade e ODSs da ONU. O valor captado foi de US$ 34.1 mil da StartUp-Chile e a empresa já recebeu 2 grants do CORFO (governo chileno). O tema de ESG e impacto está em alta nos últimos meses e serão conhecimentos importantes de serem levados para os ensinos fundamental e médio. Destaque para a fundadora Natalia García.
World
Como de costume, listamos abaixo alguns dos deals que aconteceram nas últimas semanas ao redor do mundo, que também possuem founders ou C-level mulheres.
Se quiser mais detalhes de cada Startup, clique aqui!
Por Juliane Martins
Diverse and F*** Awesome People to Watch
Nessa sessão queremos reconhecer aquelas(es) founders e líderes que estão fazendo um excelente trabalho e merecem destaque no meio de inovação, tecnologia e investimento. São pessoas que acompanhamos em nossa rotina como investidoras ou que admiramos de longe e que ainda não tivemos a chance de conhecer (ainda! Rs) 😍
Caso você tenha alguém para indicar, é só entrar em contato com a gente por meio do elasevcc@gmail.com ou por direct no nosso Instagram e mandar a sua indicação.
O que não falta é referência de pessoas f*das no ecossistema de inovação, só precisamos colocar o holofote no lugar certo! 📣
1) Founder
Nome: Deborah Folloni
Startup: Chiligum
Setor: Marketing e Publicidade
Local: São Paulo, BR
Product: A Chiligum possui tecnologia em nuvem para escalar produção de artes finais em todos os formatos e em vários canais com qualidade e agilidade.
Investors: GVAngels, BR Angels
Thoughts: Deborah começou sua carreira em 2011, como uma das primeiras empreendedoras do país! Alguns anos depois, viu a oportunidade de automatizar parte do trabalho que fazia como designer gráfico usando tecnologia e, assim, nasceu a Chiligum. Atualmente, Deborah é CEO e fundadora da empresa, que nos últimos anos foi responsável por produzir mais de 7 milhões de arquivos para alguns dos maiores anunciantes do país, como Rappi, Magalu e iFood. Ah! E, falando um pouco do lado B da Deh, ela é super focada na alimentação saudável e adora treinar! 🏋🏻♀️🥗
2) Investidora
Nome: Andrea Oliveira Kestenbaum
Instituição: Positive Ventures
Setor: Investimentos de impacto
Local: São Paulo, BR / Mountain View, EUA
Principais investimentos: Labi exames, Letrus, Slang, Eureciclo, Good Money, OccamzRazor
Thoughts: A Andrea acredita que seu principal papel como CEO seja garantir que o interesse de todos os stekaeholders esteja sendo plenamente atendido. Para isso, entende que parte essencial é reconhecer o potencial de cada um do time e desenvolvê-lo ao máximo. Seu objetivo é estar rodeada de pessoas que façam um trabalho com excelência, fortalecendo uma cultura de inovação, empatia e colaboração, mas sempre revertendo isso em alta performance! Bem bacana, né?
No seu tempo livre, adora praticar Ashtanga Yoga e é apaixonada por viagens, especialmente por conhecer novos lugares. Lista como seus destinos preferidos a Índia (onde passou 2 meses), o lago Atitlán na Guatemala e o Vale Sagrado no Peru, e lugares mais cosmopolitas, como Londres e Berlim. 🧘🏼♀️🥗✈️
3) Líder
Nome: Fabiola Higashi Overrath
Instituição: Educbank
Setor: Educação
Local: São Paulo, BR
Expertise: Vendas, Pessoas, Liderança, Cultura e Operação.
Thoughts: A Fabi é COO e cofundadora da Educbank, startup que criou a primeira plataforma financeira para escolas de educação básica e que garante o pagamento das mensalidades mesmo em caso de atraso dos responsáveis financeiros. O início da trajetória da Fabi foi na Ambev, onde passou 13 anos!! Começou como vendedora e chegou até o cargo de diretora de um dos braços da área de Gente e Gestão. Também participou das primeiras iniciativas de diversidade da empresa e é super engajada com iniciativas de mulheres!
Ela é mãe de um menininho de 3 aninhos e em seu tempo livre adora fazer trilha e viajar para lugares que possa praticar esportes. 👦🏻🥾⛰
Vale super a pena acompanhar essas 3 mulheres incríveis!
Por Isabella Passos
For Learning
Vamos às notícias e aos conteúdos interessantes que lemos nesses últimos dias… Coisinhas que agregam conhecimento e merecem ser compartilhadas!
Essa é uma dica de leitura para quem se interessa por finanças comportamentais! É uma abordagem bem humana sobre dinheiro e como nos relacionamos com ele… Uma leitura leve, com vários insights e dados bem interessantes. E, apesar de não estar diretamente relacionado com Venture Capital, segue o compartilhamento de um trecho que nos faz refletir sobre a dinâmica risco x sorte, algo que invariavelmente está presente no dia a dia dos empreendedores e investidores:
The line between “inspiringly bold” and “foolishly reckless” can be a millimetre thick and only visible with hindsight.
Risk and luck are doppelgangers.
This is not an easy problem to solve. The difficulty in identifying what is luck, what is skill, and what is risk is one of the biggest problems we face when trying to learn about the best way to manage money.
Highlights da matéria:
“Our aim is to be another voice calling out for more investment in women-owned businesses and encourage others to take part in bringing amazing women entrepreneurs into the heavily-skewed venture capital ecosystem.”
Whitney Wolfe Herd, Bumble founder and CEO
State of Play: GameStop by Scott Galloway
Para quem nos acompanha há algum tempo, não é novidade o quanto gostamos do Prof. Aswath Damodaran! 😍 Segue uma dica de podcast bem interessante com a participação dele junto com Scott Galloway, falando sobre o recente episódio da GameStop, short squeeze, eficiência dos mercados, diversificação de portfólio e muito mais! Uma conversa bem descontraída que vale a pena conferir!
Highlights da matéria:
Silicon Valley by Mike Judge
A série conta a história da jornada empreendedora do personagem Richard Hendricks (Thomas Middleditch) e amigos icônicos. Foi lançada em 2014 e está disponível no HBO GO, com 6 temporadas e 53 episódios. Conseguiram capturar muito bem os estereótipos do nosso meio. Vale muito a pena conferir!
Por Luiza Ulysséa
Vagas no Setor
Venture Capital
Vaga de analista na Barn Investimentos. A Barn é um fundo de Venture Capital focado em investimentos Seed e Series A no Brasil e está procurando analistas! Para saber mais sobre a oportunidade é só clicar aqui.
As pessoas interessadas podem enviar o CV para o e-mail: thiago@barninvest.com.br 📧
Venture Building
Vaga de analista sênior na Venture Builder do Itaú. Vaga bem interessante para quem se interessa por trabalhar com fintechs e já tem experiência com bizdev ou Venture Capital.
As pessoas interessadas podem enviar o CV para o e-mail: vanessa@cubo.network 📧
Queremos criar outras frentes no Elas&VC e para isso gostaríamos de te conhecer um pouco mais e saber sobre seus interesses. É uma pesquisa bem rápida e isso vai nos ajudar a criar mais valor. Clique aqui para responder, vai ser menos de 30 segundinhos! :)
Se quiser contribuir, trocar opiniões ou dar qualquer feedback, pode responder esse e-mail! Ficaremos felizes!
Abraços,
Ali, Ju, Isa e Lu do Elas&VC